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Surrealismo da Schaparelli não é inspiração, é identidade!

A alusão ao constante a elementos de Salvador Dalí no portfólio da Schiaparelli não é a origem do surrealismo da marca e nem é um elemento que surgiu por acaso.

O Surrealismo parte do sonho, não só pelas características anormais e desconexas com a natureza que acontecem quando estamos dormindo, mas porque, no sonho, desejo e ação se misturam  “o espírito do homem que sonha se satisfaz plenamente com o que lhe acontece.” Os princípios da moral não te atrapalham os desejos, o amor é consumado, a fome é satisfeita. 

A fundadora da maison, , começou sua carreira na moda como uma designer freelancer  na década de 20, mas logo abriu seus ateliês e atraiu toda sorte de artistas e celebridades, incluindo: Gala Dali (1894-1982).  Gala foi uma mulher indómita, cativante, intelectual e criativa, que desenvolveu a sua própria obra surrealista e se transformou numa das personagens mais icónicas do movimento. Gala,
como você deve ter inferido, também foi esposa de Salvador Dalí. 

Elsa Schiaparelli - The Fashiongton Post

Fun Fact: eles se conheceram num navio, Dalí era amigo de Éluard – o então marido de Gala. O relacionamento já estava enfraquecido e Éluard havia sugerido que eles… apimentassem a relação. Desde então incentivava Gala a se relacionar com outros homens. 

imagem gerada por inteligencia artificial

A amizade entre Gala e Elsa se consolidou e, logo, Elsa também conheceu Salvador Dalí. Na década de 1930, Elsa lançou as peças em colaboração com o artista plástico: Ternos com bolsos em forma de gavetas de cômoda, um chapéu em forma de sapato,um vestido em forma de esqueleto, o vestido das lágrimas (ou “vestido rasgado”, dependendo do contexto visual: pode se referir tanto a “lágrimas” quanto a “rasgos”) frasco de perfume Le Roy Soleil (“O Rei Sol”)

Exposição Imagination and Daring: Dalí and Schiaparelli é a primeira a  explorar a colaboração entre o artista espanhol e a estilista italiana - FFW

130 anos de Elsa Schiaparelli - ELLE Brasil

Outra Colaboração marcante da década de 30, foi o design de figurino assinado por Elsa Schiaparelli para o filme: “Every Day’s a Holiday”, protagonizado por Mae West. Mae tinha um jeito próprio de se vestir. Usava o volume, mas sempre com uma consciência estratégica: valorizar as curvas, lembrar que era uma mulher,  mas não tanto a ponto de perder o que ela chamava de “decência”. A parceria com Schiaparelli funcionou porque as duas compartilhavam esse jogo entre provocação e controle Mais tarde, essa colaboração também se transformou em perfume. “Shocking pink”. O perfume, cujo frasco — desenhado por Léonor Fini — representava um manequim de costureira seguindo as curvas de Mae West, decorado com flores de porcelana e uma fita métrica de veludo, foi um sucesso sem precedentes.

Os vestidos de Mae West no filme de 1937 "Every Day's a Holiday",  desenhados por Elsa Schiaparelli : r/whatthefrockk

Daí, tão apaixonada por cores quanto Anita Malfatti, Elsa teve uma visão cromática: ela inventou o shocking pink, um pigmento puro, vibrante, não diluído, intenso e cheio de vida.

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O ponto é, o surrealismo era um movimento artístico latente e formalizado por manifesto, que contava com grandes nomes da década, Elsa Schiaparelli trouxe esse movimento para a moda. Com isso, o surrealismo começa a ser fotografado em revistas, e a vestir as atrizes.


 

 

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Amanda Doria

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